de Henrique Senhorini
texto
apresentado no debate promovido pelo Centro
Estudos Psicanalítico - 08/2015
NÃO
SOU NENHUM
Entre
o que de mim penso e o que sou
está o que pelos outros sou pensado
está o que pelos outros sou pensado
E
como de todos sou todos e cada um, deles não sou nenhum.
E
como se estes espelhos múltiplos não bastassem
ainda falta o que penso que de mim os outros pensam
ainda falta o que penso que de mim os outros pensam
E
o que gostaria que de mim os outros pensassem.
E
como de mim e dos outros sou o que eu e os outros me inventam
sou uma múltipla abstracção
sou uma múltipla abstracção
Sou
o inexistente que me penso e os outros me pensam!
Valter Guerreiro
Eu vou pagar a conta do analista
Pra
nunca mais ter que saber quem eu sou - Cazuza
em Ideologia
A
Identidade, para
a psicanálise, trata-se de uma noção extramente
difícil de, no mínimo, encontrá-la em sua literatura e o verbete
identidade nem consta em quatro de seus principais dicionários,
pesquisado por mim,
(Kaufmann, Laplanche & Pontalis, Dylan Evans, Roudinesco), pois
seu conceito, o conceito de identidade, não pertence à terminologia
da psicanálise, como afirma Eduardo Leal Cunha em seu trabalho
intitulado “Uma interrogação psicanalítica das identidades”.
Até porque a
introdução deste termo,
Identidade, nesta área de conhecimento conduz uma série de
problemas - teóricos e clínicos - para esse saber quem tem como
objeto de estudo - e acreditamos nele - o inconsciente, que é o não
saber.
Vocês
podem até duvidar, mas o que nos marca mais como seres únicos, singulares é a maneira como encaramos as diversas formas de
sofrimento. Alguns sofrem mais, outros sofrem menos. E
estes últimos são os considerados os felizes da nossa sociedade
contemporânea. Mas que todos nós sofremos, sofremos.
Sofremos,
principalmente, através dos nossos sintomas que se iniciam
concomitante com a nossa constituição de seres falantes (sujeitos)
lá atrás, mais precisamente no famoso “O estádio do espelho como
formador da função do eu” no qual Lacan (1949, p. 96-103)
precisa/estabelece o início do nosso processo de identificação,
via
alienação simbiótica, com o Outro fundamental (a mãe) na nossa
constituição como sujeito (do inconsciente) e que nos faria pensar,
com Lacan na memória: eu sou o seio que sou.
É
desse nosso
primeiro encontro (pode ser desencontro também) com o Outro
Primordial, chamado
na intimidade de mãe (para a grande
maioria), que começamos nossa narrativa
... E dependendo da posição do nosso pai - não necessariamente o
biológico e sim o pai imaginário, no édipo - já seremos
introduzidos numa das estruturas clínicas clássicas como
neuróticos, perversos ou psicóticos. Não se esqueçam, no mínimo
somos neuróticos (pelo menos a maioria de nós).
Lacan
lembra que tornar-se sujeito passa ainda pelo momento em que a
criança, mirando-se no espelho, volta-se para a mãe e a olha como
que pedindo que aquela autentique sua descoberta. Será no
reconhecimento da mãe, que reagirá dizendo algo como “Sim, é
você, Pedro”, que confirmará para a criança a ideia do “sou
eu”. Lacan dirá: “É desse lugar que depende o fato de que tenha
direito ou defesa de se chamar Pedro” (O Seminário: Livro I,
pág. 97).
Pois
é... não escapamos disso, pois temos a necessidade de ser alguém
para alguém, de ser legitimado, de ter uma identidade reconhecida.
Bem,
basicamente começamos com esses dois Outros (primeiro mãe, depois
pai) e quando eles nos dizem: “imagina se fosse você”, pronto...
instala-se de vez o processo de identificação. E durante nosso
crescimento, passamos a conhecer outros grandes Outros. Importante
saber que um Outro é alguém ou algo de significativa importância
para cada um de nós. Pode ser, por exemplo, o tio/vizinho poderoso,
rico, bacana, legal, ou um policial destemido que você se orgulha em
conhecê-lo, ou um bandido valentão, um bom professor, ou um padre
para alguns ou um pastor para outros. Enfim, todos que admiramos por
algum motivo e pensamos assim, muitas vezes sem saber: quero ser como
ele.
E
nós vamos pegando, no mínimo, um pouco de cada um e subjetivando-o
até formarmos o que seria o ideal. Primeiro o ideal impossível para
depois transformá-lo no, aparentemente, possível. Porém, mesmo
considerado como possível, seu preço é muito alto, muito caro para
alguns. E quando vem a fatura, começamos a pagar essa conta, muitos
através dos sintomas, por querer atingir e ou sustentar este lugar.
E
para seguirmos neste nosso percurso, eu preciso mencionar que para
psicanálise não existe sujeito sem sintoma.
e
aqui cabe uma nota tipo roda-pé...
Vejam,
eu disse sujeito e não pessoas e nem indivíduos. Por que?
Porque
a palavra pessoa, de acordo com Rolón em seu livro “Palavras
Cruzadas – da dor à verdade” (2009), contém na sua origem “algo
que remete à ocultação, ao que não é, à atuação e ao
engano”(p. 09-10). Uma máscara, para disfarçar suas
“identidades”, também amplificar e distorcer suas vozes, era o
que os atores gregos usavam nas apresentações de suas famosas
comédias e tragédias. Máscara, mais conhecida na época pelo nome
de pessoa.
Já
a palavra indivíduo, a negação está nela: não dividido. É
justamente o oposto do que somos, sujeitos divididos, cindidos: “Ser
ou não ser, eis a questão”. (Shakespeare em Hamlet)
fim
da nota
Pois
bem, voltando ao sintoma...
O
sintoma é a diferença do sujeito, é sua singularidade, pois é
desobediente à universalização. Por isso não seria estranho dizer
“sou o sintoma que sou”, parafraseando Lacan - na
verdade ele disse: “Meu sintoma, eu o sou!”, segundo
Soler em “A psicanálise na civilização” (1998,
p.195) -
para nos diferenciar um dos outros. Eu disse um dos outros e não
uns dos outros porque somos UM.
aqui
abro um parênteses
Pode
parecer paradoxal essa expressão que une identificação com
sintoma, até porque, para a psicanálise, a identificação produz o
mesmo e o sintoma a distinção. A identificação, de acordo com a
autora,
“é
um estigma sobre o sujeito das influências do Outro, inclusive todos
os outros sem maiúscula, os semelhantes. ...[e]... Em todas as
identificações se pode perguntar: de quem o sujeito tomou
emprestado e qual traço [traço unário]” (ibid., p.395).
É
por isso que o “sujeito identificado é sempre um sujeito
influenciado, quer ele saiba o não. Na maioria das vezes ele ignora”
(idem).
Então,
o que essa expressão “meu sintoma, eu o sou” quer dizer, já que
identificação e sintoma são tão opostos?
Bem,
apesar desa oposição, tanto o significante mestre da identificação
(mostrarei mais adiante no caso Fênix) quanto o sintoma “têm em
comum o fato de serem as inércias que fixam e determinam o ser”
(ibid., p. 398).
Porém
a identificação do sintoma que Lacan se refere, ainda de acordo com
a autora citada acima, não é aquela identificação pela via do
Outro e sim a "que designa a finalidade primeira da análise,
qual seja, reunir-se em um “eu sou” (je
suis) que
não seja semblante”
(ibid.
p. 399), que não é máscara/pessoa, que não é do registro do
simbólico, mas sim do real, pois “o sintoma representa justamente
um tal real” (ibid.).
É
esta identificação com o sintoma que vale para nós.
fecho
parênteses
Alías,
pode-se transformar o sintoma através da experiência de análise.
Como? Modificando-o naquilo que nos causa um sofrimento brutal por
uma variação que nos causaria uma dor banal (que muitas vezes passa
por desapercebida). Porém, continuarei a ser meu sintoma. Não é
legal isso?
-
Bem... Vocês
poderiam dizer... 'Não, você está enganado Henrique...
Eu sei quem eu sou, pelo menos até
hoje. E pensando nisso, lembrei de algo interessante. É que eu tenho
um vizinho, que é completamente diferente de mim, mas que me parece
“estranhamente familiar”
(Freud, 1919).
Aí
que encontramos, muitas vezes, o X da questão, o enigmático, pois
não contabilizamos o que não sabemos e ou nem queremos saber.
Seria
o nosso lado obscuro? O nosso duplo? Aquele que recalcamos com muita
energia? Pode ser, pode não ser, mas que todos nos temos, temos.
Bem, então você não é esse santo todo que pensava e ou gostaria
de ser... Afinal, muitos acham graça as vídeos cassetadas das
vidas alheias...
Falando
um pouco do recalcado, daquilo que não é bem aceito pela sociedade
e até por nós... Quem ainda não teve um dia de fúria no qual nem
você se reconhece? Ou já não sentiu algo estranho, tipo uma
tristeza invadindo a alma
que não sabe de onde veio e nem porque veio? Ou de um pensamento
impróprio seja ele sexual, hiper-maldoso, criminoso até, totalmente
sem sentido e fora da ordem daquilo que você geralmente pensa e
sente? Ou de uma sensação de
desamparo, como se
fosse
lançado ao caos, sem chão para pisar e se apoiar, pendurado
num nada?
Ou,
também, quem já não jurou de pé-junto que numa situação de
assalto, por exemplo, não reagiria, muitos até foram treinados para
isso, para terem o controle, mas na hora H faz o oposto.... Ou quem
já não bebeu, fez alguma besteira e quando “alguém diz”, no
dia seguinte o que você fez, você responde: não pode ser. Eu fiz
tudo isso? Não, esse não sou eu. Não cara-pálida, quem é então?
E olha que isso que eu disse nem precisa cavar muito fundo para
emergir estas coisas. Esses seriam um exemplo de um dos dois tipos de
recalques que podem ser “destruídos”, segundo o texto freudiano
“Análise terminável e análise interminável” (1937, p.242),
admitindo-se a pulsão. Os
do outro tipo “reconhecidos” (ibid.).
Agora,
o recalcado, aquele bem recalcado mesmo, aquele
que é insuportável para nós
– o que Freud chamou de recalque originário e Lacan de menos um
(extraído de sua elaboração da estrutura lógica: não há todos
os significantes sem um a menos) - permanece
incurável,
indestrutível
no inconsciente e se apresenta como o que, segundo Soler , Freud
chama de “sintoma
de horror” (ibid., p. 398).
aqui
cabe outra nota...
O
significante representa o sujeito para outro significante (outro
sujeito). O significante como marcação no sujeito, como disse
Dominique Fingermann.
fim
da nota.
Portanto,
o sintoma – freudianamente falando, é o resultado de uma formação
de compromisso intrapsíquico, justamente para o recalcado permanecer
onde se encontra, no inconsciente. E para que ele tem que permanecer
no inconsciente?
Para
o sujeito se defender, evitar um real de gozo pulsional assolador
para o próprio e, além disso, caso
viesse a tona,
tornaria esse
sujeito
um “ser inassimilável a qualquer laço social” (Ibid., p. 393).
E
tem
mais... ele,
o sintoma, tem a estrutura de uma metáfora e como tal quer dizer uma
outra coisa, uma coisa diferente de sua apresentação, de seu cartão
de visita. E como metáfora podemos interrogar, investigar e
decifrá-lo. (ex: para o obeso... Você tem fome de que?).
Porém
– e pode parecer paradoxal - reclamos dele, do nosso sintoma, mas
não o largamos sem antes muito relutar por pior que ele seja. E por
que e para que?
Porque
o amamos,
amamos nosso sintoma e
para
– além de nos fazer gozar - nos dar
um sentido, um sentido de e para vida, afora ser um modo de dizer ao
Outro.
Seu conceito diz respeito necessariamente ao laço social.
E
o sintoma “fixa e determina o ser” (ibid., 398), como o
significante mestre da identificação, que também nos fixa e
determina. Isso eles tem em comum.
E
é por isto que é difícil largarmos o sintoma que nos é tão caro,
pois temos a impressão, porém falsa, que sem ele ficaremos a deriva
ou inserido numa espécie de caos. Seria o medo do novo, do
desconhecido, do que poderá surgir ? O medo de não saber lidar com
a vida sem ele? Bem – pensa o bom neurótico - pelo menos sei
transitar e conviver com meu velho sintoma. Já sem ele... E este é
modo de identificação ao sintoma, que não serve para psicanálise,
pois o sujeito estaria utilizando a via da resignação.
Enfim,
o sintoma,
em psicanálise, representa uma tentativa de cura para o sofrimento
do sujeito em sua singularidade. E tem sua
função, a “função sinto-mal”, conforme Quinet (1991, p.
15-18).
Bem,
o quero dizer é que não somos bem aquilo que pensamos que somos. E
aí está o problema, ou sua solução: onde você pensa você não
é, pois você é onde não pensa. Estranho? Não, nem um pouco, até
porque não sou só o biológico! Lacan, impondo uma torção no
cogito cartesiano (penso, logo existo) nos esclarece, em seu artigo A
instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud, dizendo:
“penso onde não sou, logo sou onde não penso” (1957, p. 521).
abro
aqui outro parênteses
Tudo
isto me fez lembrar José Saramago e seu “Ensaio
Sobre a Cegueira”
quando disse: “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome. Essa
coisa é o que somos.”
fecho
parênteses
Bem,
retornando...
Sabemos,
pois já foi dito, que a psicanálise é uma experiência de
decomposição da identidade (identificações subjetivas), um
desinvestimento do si mesmo, do narcisismo e do sintoma.
É
também um quebrar da identidade (que chamamos de desidentificação
subjetiva) para dar um outro acesso a si mesmo.
-
Mas, e o nosso nome? Ele não nos dá uma identidade? São
algumas das questões que suscitam sobre o nome-próprio...
Bem,
o nome próprio, além de nos inscrever na série de significantes da
cadeia familiar, tem como um dos propósitos tamponar simbolicamente
o nosso buraco, buraco da falta. Vejam, buraco não é um vazio no
espaço, pois o buraco faz borda e podemos preenchê-lo, mesmo
sabendo que não-todo, pois algo sempre faltará.
E,
segundo Christian Dunker, o nome próprio é uma anomalia, pois este
possui -sim- uma certa variação pela identidade. Uma função
nominativa que está contido num conceito e este no universal. E todo
conceito tem uma intenção e extensão. O eu/ego é o corpo e este
tem atributo.
Vejam
em Lacan (1964-1965, p. 105-107) esse exemplo: “Todos os homens são
mortais”. Quando se coloca um nome próprio não é mais qualquer
um e sim UM. “Sócrates é homem. Sócrates é mortal”. Também
não se é qualquer um desde que se fale a um outro. Quem fala?
Então,
o nome próprio é uma identidade sim, mas uma identidade do eu/ego,
eu/corpo. É também o que faz a disjunção entre a identificação
e a demanda.
Porém
somos muito mais que isso, muito mais que o eu/ego/corpo, como nos
lembra o querido Rubem Alves em livro de crônicas O
Retorno e o Terno:
“Mora em nós um outro que não se esquece da nossa verdade”.
Mais
uma coisa sobre o nome próprio, é que este, mesmo tendo como
referência o nome do pai, pode induzir, ao sujeito que o carrega, um
novo sentido, um sentido diferente até do próprio pai. Filho
de peixe, passarinho é! É
difícil, mas não está na ordem do impossível.
Uma curiosidade aqui...
Sobre
o nome próprio... no livro “Os Nomes do Pai em Jacques Lacan”
de Erik Porge (1998), o nosso nome é dado pelo Outro (somos o desejo do
Outro)... na China a
criança recebe o nome dos pais, mas ao crescer ela, se quiser, pode
modificá-lo como bem entender. Ele (o sujeito) mesmo pode fazer suas
densindentificações e, se quiser, trocar por novas identificações,
aspirações, índices de seu desejo.
Voltando
para o Ocidente...
Entretanto,
sustentar nossa singularidade, nossa verdade, não é nada fácil,
principalmente na nossa cultura, na sociedade contemporânea cujo o
capital (o sistema) impera, manda e desmanda. Como assim? Porque não
é do seu interesse, do capital e seu discurso, que o sujeito seja um
“fora-da-massa” (ibid., p.287) dos comuns, dos consumidores. Que
não aceita sua ideologia de produza, produza, produza... compre,
compre, compre e“diz a cada um, um por um, ...corre, mexa-te, vai
em busca do sucesso” (ibid., p.286). E o sujeito (a maioria)
sucumbe de seu desejo para não estar out/fora, para não correr o
risco de não pertencer ao ”coro dos contentes” (Torquato Neto),
para não ser um “fora-do-laço” (ibid., p.287), dos laços
sociais e sofrer discriminações, censuras por sua desobediência. E
é por isso, para sustentar e manter sua singularidade, requer, por
parte desse sujeito que se recusa em ser mais um entre outros, mais
um marcado no bando de gado, um grande sacrifício.
Eh,
ôô, vida de gado / Povo marcado, / ê Povo feliz - Zé
Ramalho
Todavia,
não é exclusividade do discurso capitalista a coletivização dos
“Uns quaisquer” (ibid., p.290), pois atualmente assistimos
crescer, de forma acentuada, o nacionalismo exacerbado, o fanatismo
religioso, o racismo, a resistência à diversidade sexual, política
partidária e por aí a fora.
De
certa forma, isto acaba criando as chamadas identidades sociais e
culturais... Bem, podemos falar disso depois.
Bem,
para finalizar, caso queiram saber o que são e o que não são e
modificarem-se no que puderem e quiserem, se re-iventarem, serem
outro de si, um outro melhor para si mesmo, será através das
desidentificações subjetivas, através da substituição das
antigas por novas e “melhores” identificações ou mesmo através
do “se fazer ser” ao invés de “se fazer ao ser” (ibid., p.
318), ao Outro que dele quer se servir.
O
“se fazer ser” não é desidentificação, mas também não é
pouca coisa, pois é um avanço terapêutico e de acordo com Colette
Soler, o neurótico “chega a sair de seu 'eu não sou'para
concretizar seu ser em alguma coisa” (idem).
Mais ou menos assim: “Agora eu consigo me
ocupar de 'minhas coisas'” (idem).
Bom,
na experiência de análise, “o analisante adquire um saber que é
duplo: saber do impossível [do incurável?], mas também saber da
singularidade” (ibid.,p. 320). Segundo a autora, ele “adquire um
vislumbre, toma uma espécie de panorâmica sobre o que o distingue,
sobre sua maneira própria de aí fazer com sua falta e de
compensá-la. É um saber separador, que tampona a culpa e a inibição
e que descerra a impotência neurótica. Disso o sujeito é livre
para servir-se e para sustentar-se no mundo e na árvore genealógica”
(idem).
Em
síntese, “o sujeito transformado pela análise se definirá por
uma nova relação com a castração e com a pulsão” (ibid., p.
394). E é importante salientar – e nem negar - “que a palavra e
a saída última cabem aqui ao sujeito ou antes à” (idem), segundo
a autora, “insondável decisão do ser” (idem), citando Lacan.
Quer dizer, a transformação é uma decisão do sujeito, assim como
a responsabilidade.
Então,
se quiserem continuar a ser seu sintoma, porém “um sintoma
transformado, mais-além da travessia da fantasia” (ibid., p. 406)
...enfim, continuarem sendo vocês mesmos, só que outros, creio
que, ao contrário do que diz a música do Cazuza, pagar a conta do
analista para saber que eu sou é boa uma aposta.
Como
bem disse uma colega psicanalista Yara Santos: “Tem que morrer para
germinar / Plantar algum lugar / Ressuscitar no chão
Bem...
É isso. Melhor dizendo, é o Isso !!!
Referências:
BAUMAN,
Z. (2005) - Identidade
–
Rio de Janeiro – Ed. Jorge Zahar
CUNHA,
E.L. Uma
interrogação psicanalítica das identidades -
Caderno CRH n.33 pp.209-228
FREUD,
S. (1919) - O
Estranho
LACAN,
J. (1949) - “O Estadio do espelho como formador da função do
eu” – in Escritos
(1998, p.93-103)
–
Rio de Janeiro – Ed. Jorge Zahar
LACAN,
J. (1957) - "A
instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud"
– in Escritos
(1998, p.493-533)
–
Rio de Janeiro – Ed. Jorge Zahar
LACAN,
J. (1964-1965) - O
Seminário, livro 12:
Problemas Cruciais da Psicanálise – não comercial
QUINET,
A. (1991) - As
4 + 1 condições de análise -
Rio de Janeiro – Ed. Jorge Zahar – 9.ed.- 2002
SOLER,
C. (1998) - A
psicanálise na civilização –
Rio de Janeiro – Ed. Contra Capa
Realmente a análise tem um força de fazer o sujeito sair desse lugar que vc citou. O analisando, ao chegar no primeiro encontro com sua análise
ResponderExcluir(contato com o analista), não sabe por qual caminho vai percorrer. Muito menos saber qdo o sintoma que o levou a procurar uma análise diminuiu sua inscrição. Essa inscrição deixada no ápice da castração, voltará feito um coice na vida adulta do sujeito. Mostrando na dinâmica, tais comportamentos. O tal sintoma, faz desse sujeito, detentor de um elo, que por um lapso de instante, ele quer "desgrudar-se".
Falando no viés do análista, esse por sua vez não pode declinar nas resistências pessoais, ou, até msm, as resistências pelo qual seus analisando se posicionam.
Voltando ao pensamento primeiro, a análise consegui fazer do analisando formas diferentes de se ver e colocar-me frente as angiangus de castecast. Ele aprende sem saber o caminho. Sendo que esse caminho, ele conhece o roteiro. O analista apenas "empresta" o "mapa da mina". O caminho pelo qual o analisando do vai encontrar seu pote de ouro: deixar de se relacionar com as fantasias, e vive seus reais desejos.
Henrique, eu sou o Dinho Silva(do Facebook), que foi na sua primeira palestra do grande café (pensar em psicanálise).
Meu nome é Aldim. Dinho foi o nome dado-me pelo outro, assim como nós diz Lacan em seu livro nomes-do-pai.